quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A dúvida de um lascado na Black Friday.




Não ia fazer esse post, mas tá foda a vida. A algum tempo fui multado na estrada por um PM jumento que usou como base um artigo do CTB que não existe. Inventou uma regra lá na hora e me multou, e não adiantou eu conversar com o cara, a ignorância dele prevaleceu. Não sei se queria um caixa 2 ou se só queria arrecadar mesmo. Tenho muito respeito à PM e nunca faltei com respeito com nenhum oficial, mas a falta de bom-senso e vontade de querer ser deus de alguns é coisa de desgramar mesmo. Fui multado e entrei com recurso, vocês acreditam que o maravilhoso DETRAN-GO PERDEU O MEU RECURSO?? É de lascar mesmo, quebrei o pau lá, liguei, denunciei (inclusive reclamei do PM na corregedoria e não deu nada) mas como já passou o tempo de recorrer só posso rezar pra que encontrem meu recurso, o que dificilmente vai ocorrer. PM e DETRAN de Goiás, por favor, nós pedimos apenas que façam seu trabalho, parem de inventar, de cagar e foder com o cidadão, é por isso que odiamos vocês. Se realizassem seu trabalho apenas tudo seria muito bom.... E se algum dia precisarem do apoio do cidadão em qualquer âmbito, lembrem-se que é recíproco.

Somado a isso meu ferro-elétrico estragou e tive que comprar outro, gastei com um ingresso de formatura de amigos e sapequei toda a gordura monetária que tinha. Estou com o dinheiro contadinho pro aporte de dezembro, mas Black Friday tá aí.

 Sabemos que no ano passado foi uma piada esse evento mas e esse ano? Será que vão querer se redimir? Tô muito tentado a comprar um Note novo porque o meu está com o pé na cova. Na verdade eu uso um Netbook que não tem mais bateria, a fonte dá mal contato e o teclado não digita direito. Além disso queria um LG L5 ou L7, mas isso seria mais consumismo mesmo porque o meu ainda tá beleza. A questão é, se o Black Friday for real, será que vale a pena comprar algo? Por outro lado, tivemos boas quedas de boas empresas nos últimos dias, o que dá a vantagem de entrar em um preço bom em dezembro, tô no impasse de comprar (caso haja uma real promoção) ou aportar :(

Lógico que minha prioridade é o aporte, o resto tudo é secundário, mas vou ficar de olho nas promoções. Pra ajudar a todos nós tem um vídeos muito interessante sobre um fenômeno de consumo chamado ancoramento, que eu não conhecia:

Grande abraço e que venham os balanços!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Trocar de carro ou esperar mais tempo? Qual a melhor opção?

Fala galera, tudo bem? Hoje vou deixar com vocês aqui um estudo publicado pela EXAME muito interessante. Me supreendi com o resultado e com a economia que se faz escolhendo a opção correta.


"Manter um carro por 10 anos em vez de trocá-lo depois de cinco anos, pode gerar uma economia de milhares de reais, o valor suficiente para comprar um carro 0km popular. A consultoria automotiva Jato Dynamics elaborou um estudo a pedido de EXAME.com comparando os custos para manter um carro por 10 anos, ou por 200.000 quilômetros, e qual seria o custo caso o mesmo veículo fosse trocado depois de 5 anos, ou aos 100.000 quilômetros. O resultado mostrou que ficar com o mesmo carro por mais tempo pode levar o motorista a economizar mais de 26.000 reais, sem considerar a economia em não comprar o segundo carro.

Nas tabelas abaixo podem ser observados os resultados do estudo elaborado pelo Gerente de Atendimento da Jato Dynamics, Milad Kalume Neto para quatro carros: Fiat Palio, Honda Civic, Toyota Corolla e Volkswagen Gol. No estudo, 10 anos de uso correspondem a um total de 200.000 quilômetros rodados, o equivalente a 20.000 quilômetros por ano. E a troca depois de cinco anos equivale ao uso do carro até os 100.000 quilômetros, também rodando 20.000 quilômetros por ano.

"
No estudo foram considerados todos os impostos e os valores básicos para o carro, assim como toda manutenção, incluindo troca de pneus. Eu imaginava que economizaria evitando a troca, mas não sabia que era tanto. Hoje ter carro do ano é sinônimo de status, e por isso muitos de nós caímos nessa tentação, mas já defendi aqui o fato de que equipar o seu usado é muito mais econômico e vantajoso que comprar um mais novo.
Além disso, se o carro está na sua mão, é completinho, te oferece conforto e você sabe que ele é bem cuidado e confiável não há real necessidade de troca. Meu celtinha mesmo comprei completo e equipei justamente pra isso, vou casar com ele por um tempinho. Segure o seu mais um pouco antes de trocar por um mais novo, e se quiser dar uma variada, com uns 3 mil (bem menos que o gasto na troca) você deixa seu carro top, com um bonito jogo de rodas, som e conjunto ótico de primeira, que ganham em qualidade de carros topo de linha, e com a vantagem que grande parte pode ser transferido para seus carros seguintes. Equipar seu carro é muito prazeroso, aumenta bastante a beleza do carro e seu conforto e mantém o principal de ter um carro simples: custos baixos. É ter um carro com nível de carro superior a custo de carro simples.
  Afinal, quem disse que seu antigo não pode ser bonito? Confira essa coleção de virar o pescoço:


Bem antigos e lindos. E que venham os balanços!




sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Aposentar com Dividendos: A história de Arnaldo.



Olá galera, tudo bem? Já adianto que o post hoje vai ser longo, mas é uma história famosa entre os Holders e que realmente estimula muito a investir. A história do Arnaldo com Vale daria certo com Itau, Ambev, Souza Cruz, etc. E apesar de longa vale cada linha, com grande teor de conhecimento contido. Grande abraço e bom feriado.

Arnaldo se forma no curso de Engenharia Mecânica no segundo semestre
de 1995. Consegue um emprego na área de manutenção de aparelhos
industriais de refrigeração, seu sonho. Arnaldo entrou cedo na
faculdade e era um aluno mediano. Conseguiu se formar após 5,5 anos de
curso, aos 22 anos e estava muito feliz por ter conseguido emprego
justamente na área e na especialidade desejada. Seu avô, um sujeito
austero e experiente investidor da bolsa, sugere que Arnaldo siga o
princípio mais básico para ter as finanças pessoais saudáveis: guardar
entre 10% e 20% de tudo o que ganha. Como sugestão, indicou ao neto
investir em ações ordinárias da Cia Vale do Rio Doce, sólida empresa
brasileira que estava com grandes chances de ser privatizada. Arnaldo,
sujeito pouco ambicioso, mas obediente resolveu seguir os conselhos de
seu avô, é onde nossa história começa.

OBS: Há aproximações necessárias que incorporam algumas facilidades
que temos hoje em dia, mas que não existiam à época. As aproximações
têm por objetivo manter a boa didática e facilitar a compreensão do
leitor.

1996 - A primeira compra e o primeiro susto, a gente não esquece!
O salário líquido inicial de Arnaldo era de R$ 1.500,00 e ele decidiu,
seguindo os conselhos de seu avô, investir um valor em torno de 20% de
seus vencimentos de ações ordinárias da VALE (VALE3). A abertura de
conta na corretora teve aquela burocracia tradicional, só que sem as
vantagens e facilidades de e-mail que temos hoje em dia. Depois de
alguns dias, tudo ok.

31/1/1996 – Decepcionante...
Recebe seu salário, R$ 1.500,00 e liga para seu corretor:
- Bianor, estou com R$ 300,00 aqui e quero comprar umas ações
ordinárias da VALE.
- Arnaldinho, meu filho, seu avô avisou que você iria ligar. Olhe, uma
ação VALE3 custa R$ 245,00. Com trezentos reais... só se for comprar 1
ação. A corretagem será de 2%, ok?
- Ok, pode comprar. Quanto tenho que depositar?
- R$ 249,90.
Arnaldo pensou muito e achou que o avô tinha indicado um investimento
fora do seu alcance. Sentiu-se um pouco “pobre” por só conseguir
comprar 1 ação da VALE. Pensou: - E se a ação for para R$ 400,00, não
vou conseguir comprar nem umazinha? A partir dessa compra, começou a
se interessar um pouco mais e sempre aproveitava para dar uma olhada
na Gazeta Mercantil, que sua empresa assinava, para ver a cotação da
VALE3.
Nove dias depois a ação havia atingido R$ 265,00. Arnaldo pensou: -
Vovô é craque. Ele disse que o negócio era de risco, mas quase 10% em
10 dias, não está nada mal!

29/2/1996 – Desconfiança...
Quando liga para o corretor para comprar mais ações acha estranho,
pois o valor era R$ 244,99, daí pergunta: - Ô Bianor, isso está
estranho. Mês passado era R$ 245,00, agora é R$ 244,99. Isso parece
loja de desconto, esse preço está certo?
- Arnaldo, o preço é esse agora, mas daqui a pouco pode mudar. Foi
coincidência isso. Posso mandar comprar mais uma?
- Manda brasa, agora tenho 2 ações da VALE.
- Vai ficar rico, garoto!
E deram boas risadas.

11/04/1996 – Um susto pelo qual todos acabam passando...
Após consultar a Gazeta, Arnaldo liga tenso para a corretora, pois o
valor da ação indicado pelo jornal era R$ 25,70. Esbaforido, pergunta:
- Caramba Bianor! Eu sabia que era um negócio de risco, que poderia
perder muito, mas não pensei que fosse tão rápido! Minhas ações caíram
quase 90%. O que houve?
- Rapaz, não seja tão apressado. Não é nada disso. É que as ações eram
cotadas em lote de 1.000. Na realidade, aquela 1 (uma) ação que você
tinha, correspondia a 1.000 ações. A VALE fez um grupamento de 1.000
para 1. Eu sei que parece maluquice, mas antes você tinha 1.000 ações
que valiam R$ 0,2570 cada, mas a cotação era MOSTRADA por lote de mil,
por isso é que você via R$ 257,00, entendeu?
- Não, não entendi nada. Se ela fez esse grupamento, minhas ações não
deveriam continuar valendo duzentos e poucos reais? Não esqueça que
sou engenheiro, número é comigo mesmo!
- Calma, ainda não acabou. Como esse valor é muito alto, a VALE fez
uma bonificação de 700%, ou seja, para cada ação que você tinha, ela
deu mais 7.
- Bianor, você está de brincadeira. Como é que ela me dá 700% de ganho assim?
- Não é ganho nenhum. É só um ajuste no preço. Se você tinha 10 ações
a R$ 80 cada, agora tem 80 ações valendo R$ 10 cada. Não ganha, nem
perde. É só para dar mais liquidez à ação. Viu, agora em vez de
comprar 1 (uma) ação com seus 300 reais, vai comprar 10!
- É Bianor, não há almoço de graça. Esse negócio de bolsa é meio
complicado. Espero que essas coisas aconteçam pouco...
31/05/1996 – Dividendos no início...
Arnaldo estava comprando 11 ações da VALE, que estavam cotadas a R$
26,20. Mas havia algo estranho na sua conta. Ele depositava exatamente
o montante necessário para comprar as ações e pagar os custos de
transação, zerando seu saldo na corretora. Eis que aparece em sua
conta a quantia de R$ 0,04 (quatro centavos).
- Bianor, está me dando dinheiro rapaz? Que 4 centavos são esses na
minha conta? É um café de cortesia?

- Arnaldo, a VALE declarou um dividendo de R$ 0,0016 por ação, você
tinha 24 ações na época da declaração, então recebeu R$ 0,04. Não é
bom?
- Bianor, o dividendo é isso? Tá brincando, né? É muito pouco, cara.
Onde é que meu avô estava com a cabeça? Quatro centavos?!?!?! E meu
avô ainda diz que vive de dividendos. Deve ser dono da VALE!

Resumindo do ano de 1996
- 12 aportes, totalizando R$ 3.373,20. Média mensal de R$ 281,15.
- 128 ações VALE3, R$ 12,43 de dividendos em conta (a VALE declarou
dividendos no final de 96), totalizando um patrimônio de R$ 3.468,43.
Não foi possível reinvestir esse valor, pois não comprava nem uma
ação.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou em 6,38% ao ano,
muitíssimo abaixo das taxas de juros da renda fixa brasileira em 1996.
Arnaldo ligou para o avô e contou suas aflições. Disse que se tivesse
colocado em renda fixa teria um resultado muitíssimo melhor e sem
qualquer transtorno. Disse que achava meio complicado esse negócio de
bolsa e que estava pensando em reconsiderar seus métodos. Reclamou dos
dividendos e dos custos de transação.
O Avô lhe disse: - Arnaldo, você tem 23 anos. Está começando sua
carreira agora. Bolsa é para quem tem paciência e para quem tem
vontade de estudar as companhias e o mercado. Dê mais algum tempo para
vermos o resultado.
1997 – Um péssimo ano para as ações da VALE
A empresa de Arnaldo estabeleceu como política de remuneração que
todos os salários seriam reajustados pelo IPCA, calculado pelo IBGE.
Passou a ganhar R$ 1.643,40 líquidos. Seu aporte poderia subir. Ficou
feliz.

No começo de 1997 as coisas pareciam promissoras. A VALE3 bateu R$
33,00 em 04/03/1997. Arnaldo ficou animado. Começou a estudar um pouco
sobre a empresa e a confiar no negócio e nas perspectivas com a
privatização iminente. Passou a se abalar menos com as quedas até que
a VALE3 despencou a R$ 17,50 em 12 de novembro de 1997. Àquela altura
ele tinha investido pouco menos de R$ 7.000,00 e tinha em conta R$
4.400,00. Apesar das boas perspectivas, aquele negócio de investir na
bolsa parecia fadado
ao fracasso. Ao menos, estava conseguindo comprar uma bela quantidade
de ações com seus trezentos e poucos reais. Quase 17 ações. Em
29/12/1997, ao ligar para o, já amigo, Bianor, ouve a pergunta: - Você
tem quase R$ 160,00 em dividendos parados na conta, por que não
reinveste? Compre mais ações, elas estão a preço de banana. Pela
primeira vez Arnaldo conseguiu utilizar seus dividendos para comprar
um pouco de ações, mais precisamente, 6 ações.
Resumindo até o ano de 1997
- 24 aportes, totalizando R$ 7.225,63. Média de R$ 301,07.
- 283 ações VALE3, R$ 157,04 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 5.974,04.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou negativa, -19,41% ao ano.

1998 – Muitíssimo pior que 1997. Ninguém achava possível! Arnaldo
começou, mais um ano, confiante em seus investimentos. Afinal, 1997
tinha sido um ano péssimo para as ações da companhia, mas os
resultados eram sólidos e crescentes. 1998 não poderia decepcionar...
Começou com um pequeno reajuste em seu salário, conforme política da
empresa já definida. Agora receberia R$ 1.730,00. Não era muito
ambicioso e gostava demais do seu trabalho técnico, não vislumbrava
grandes promoções.

Até maio, o ano de 1998 parecia bom. Tinha investido R$ 8.700,00 e já
estava no “zero-a-zero”, pois a cotação chegou a R$ 26,00 e ele tinha,
à época, 340 ações. Até julho, um ano fraco. Daí em diante, um
desastre para as ações. De 15 de julho até 12 de setembro as ações
chegaram a cair 49%. Desanimado Arnaldo liga para Bianor:
- Bianor, teve algum desdobramento ou bonificação da VALE? É que as
ações caíram 50% em 2 meses... Bianor responde: - Dessa vez, filho, é
queda mesmo. Se formos pensar na cotação de um ano e meio atrás, a
queda é de quase 65%. Não está fácil por aqui, garoto. Tem gente
furiosa. Mas a empresa está forte. Olhe os resultados. Os dividendos
serão ótimos em 1998! Bola pra frente, com a ação a R$ 14,00 não tem
espaço para cair mais! Pois caiu... Fechou o ano a impressionantes R$
11,20!!!
No natal de 1998, Arnaldo deu para o avô uma camisa do Vasco. O avô
era fundador da Charanga Rubro- Negra e do fã-clube do Zico. Vôvo não
reclamou...
Resumindo até o ano de 1998
- 36 aportes, totalizando R$ 11.327,09. Média de R$ 314,64.
- 520 ações VALE3, R$ 1.140,85 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 6.964,85.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou negativa, -33,15% ao ano.
- O que impressionou Arnaldo foi, além das quedas vertiginosas, o
volume pago de dividendos, que chegou a quase R$ 100,00 por mês de
média. Era 1/3 do que ele aportava mensalmente.

1999 – Enfim algum retorno!
O ano começou com uma inacreditável recuperação das ações. Em apenas
um dia a bolsa chegou a subir 33% e a VALE subiu quase 100% no período
de 1 mês. Tinha chegado a impressionantes R$ 20,50, tendo partido de
R$ 11,20 em 29/12/1998. O ano prometia... e entregou. A VALE encerrou
1999 cotada a R$ 42,00, quase 300% de aumento. Após 3 anos
catastróficos, Arnaldo, enfim, começa a acreditar que poderia dar
certo. Vamos ao resumo.

Resumindo até o ano de 1999
- 48 aportes, totalizando R$ 15.504,02. Média de R$ 323,00.
- 736 ações VALE3, R$ 1.634,89 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 32.546,99.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 38,94% ao ano.
- Arnaldo recebia uma média de R$ 140,00/mês de dividendos, aquilo
começou a deixá-lo interessado nos dividendos. Começou a perceber que,
se continuasse investindo em empresas sólidas e boas pagadoras de
dividendos, um dia poderia ter uma boa renda.
- Apesar do ano espetacular, Arnaldo já conhecia vários “bear markets”
e sabia que não deveria sair de sua política. 20% de seu salário todo
mês e muito estudo sobre a companhia.

2000 – Um gigantesco zero-a-zero!
Arnaldo começou o ano com um salário de R$ 1.912, 73. Já tinha 4 anos
de empresa e nenhum sinal de promoção. Mas gostava muito do que fazia,
sentia-se feliz de acordar sabendo que vai trabalhar com dutos,
compressores, retentores, parafusos etc.
Arnaldo começou a sentir necessidade de crescer no emprego para
aumentar sua renda e comprar um apartamento, um carro melhor etc.
Ouviu de seu avô o seguinte: - Neto, você tem 26 anos, seus pais são
maravilhosos, não deixam faltar nada e não cobram nada de você.
Aproveite esse momento raro da sua vida e cuide do seu futuro. Logo
virão outras obrigações e você não terá mais a facilidade e a
disponibilidade para investir tanto quanto faz hoje.

2000 não foi lá grandes coisas. Foi um ano calmo para o país, mas tão
calmo que a emoção na bolsa foi quase zero. Arnaldo seguiu seu ritmo e
continuou seus aportes. Agora, que tinha R$ 30.000 de patrimônio,
aqueles R$ 400,00 por mês quase não faziam diferença, comprava muito
poucas ações diante das quase 1.000 que tinha. obrigações do mês. E
ainda conseguia juntar um pouquinho na renda fixa para trocar de carro
ou dar entrada em um apartamento.

Estava bem equilibrado, pois não tinha compromissos relevantes e ainda
era muito jovem.
Resumindo até o ano de 2000
- 60 aportes, totalizando R$ 19.941,19. Média de R$ 332,35.
- 871 ações VALE3, R$ 2.908,84 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 43.410,34.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 29,78% ao ano.
- Arnaldo recebia uma média de R$ 240,00/mês de dividendos, o
equivalente a 12% do seu salário.

2001 – Também um ano de poucas emoções para a VALE, mas de muito fluxo
de caixa. Pela primeira vez, após 5 anos no emprego e aos 27 anos,
Arnaldo ganhava mais de R$ 2.000,00 líquidos ao mês. Começou a fazer
alguns projetos por conta própria, nas horas vagas da companhia, o que
lhe rendia uma graninha extra de vez em quando. Essa grana Arnaldo
guardava para seu projeto de trocar de carro. Sua Brasília 1981 já
estava um pouco ultrapassada. Ou ainda, dar entrada em um apartamento.
Sem pressa, pois sua namorada à época tinha 23 anos e estava no meio
da faculdade de medicina. Vê-la, só aos finais de semana e NÃO
PRECEDIDOS por provas. Era enrolada, mas era linda e pacata.
Compreendia que Arnaldo, com toda aquela grana guardada, dissesse
sempre: - Amor, estou sem grana.
Vamos deixar o japonês para o dia 05?
O que mais impressionou Arnaldo em 2001 foi o volume de Juros sobre
Capital Próprio (JSCP) distribuídos pela VALE. R$ 4,61 por ação. Como
ele chegou ao final do ano com mais de 1.000 ações da VALE, recebeu
uma bela grana, que o fez pensar em NÃO REINVESTIR. R$ 4.600 era muito
dinheiro, dava para inteirar até um carrinho melhor. Desistiu, pois o
comportamento já estava arraigado nele, já fazia parte de sua rotina.
O dinheirinho mensal para investir tinha a mesma precedência do que a
ajuda que dava em casa ou do que o cursinho que pagava à noite. E até
mais do que os cineminhas com a patroinha, o que gerava algumas boas
brigas. Alice ganhava todas as brigas, Arnaldo se apertava em outras
contas, mas não deixava seus aportes de lado. Nem os cinemas.

Resumindo até o ano de 2001
- 72 aportes, totalizando R$ 24.561,67. Média de R$ 341,13.
- 1.017 ações VALE3, R$ 4.606,53 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 57.490,53.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 24,82%
ao ano. Essa rentabilidade anual fez Arnaldo refletir, pois o
investimento em renda fixa trazia algo próximo a isso, às vezes mais.
Os detratores do investimento em bolsa de valores, à época, valiam-se
justamente dessa visão de que é bobagem investir em bolsa com juros
tão altos. Os defensores diziam que, se escolhesse boas ações poderia
ter ganhos superiores ao do Ibovespa e ao da renda fixa. O que o fez
manter-se na bolsa foi o interesse crescente por economia e finanças,
além do grande conhecimento que obteve ao estudar os dados da VALE nos
últimos 5 anos. Além disso, pensava que nenhum país do mundo conseguiu
se desenvolver sem que as empresas pudessem se capitalizar através do
mercado de capitais. E continuou. Inseguro quanto à possibilidade de
ganhar mais do que na renda fixa, mas seguro de estar fazendo a coisa
certa.
- Arnaldo recebia uma média de R$ 383,00/mês de dividendos, o
equivalente a 18% do seu salário.

2002 – Um ano de grandes sustos na bolsa e na economia, mas com
desempenho excelente da VALE.
O ano de 2002 trouxe grandes desafios às empresas brasileiras
exportadoras. Arnaldo viu o lucro da VALE despencar pela primeira vez
desde que começou a investir na empresa. Ao contrário das outras
pessoas, ele não se importava tanto com as oscilações do papel, mas
sim com os caminhos da companhia. Arnaldo entendeu que o impacto das
mudanças econômicas, cambiais principalmente, no balanço, não deveriam
se repetir nos anos seguintes, visão que o deixou menos apreensivo com
a forte queda nos lucros.

O ano de 2002 trouxe uma inovação na empresa em que Arnaldo
trabalhava. Mesmo se mantendo (feliz) na posição em que entrou,
Arnaldo começou a receber um extra, na forma de bônus anual. Era um
excepcional funcionário e seus chefes não queriam movê-lo para uma
função de chefia. Poderia ser desastroso. Arnaldo agradeceu, pois não
queria mesmo ficar mandando em seus colegas ou nos novatos. No
primeiro ano, ao final de 2002, seu bônus foi equivalente a 6
salários. Pouco mais de R$ 12.000,00. Ficou muito tentado a colocar
toda essa grana na bolsa, pois 2002 havia sido um ano esplêndido para
a VALE. Manteve-se quieto, colocou essa grana junto daquele dinheiro
que estava juntando para dar entrada no apartamento, pois o carro já
trocara por um Monza 1996. Com ar-condicionado e direção hidráulica.
Faltava apenas 1 ano para Alice completar sua faculdade de medicina. O
namoro estava firme e até a menina começou ao colocar uma graninha em
ações, dado o exemplo bem sucedido, até então, do namorado. Isso
deixou o namoro um pouco mais interessante, pois Alice não se cansava
de perguntar:
-Arnaldo, por que você não vende na alta e compra na baixa? Vai ganhar
muito mais! Arnaldo respondia: - Não faço porque não sei fazer, só sei
reparar ar-condicionado. Nisso eu sou bom, estou ganhando até um extra
da empresa!

Resumindo até o ano de 2002
- 84 aportes, totalizando R$ 29.466,59. Média de R$ 350,79.
- 1.168 ações VALE3, R$ 3.151,22 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 123.338,42.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 38,11% ao ano.
- Os dividendos decepcionaram um pouco, mas Arnaldo entendia que não é
possível manter o mesmo nível de dividendos com a enorme queda nos
lucros, mesmo que por eventos não recorrentes.
- O ano de 2002 trouxe uma grande alegria para Arnaldo, em outubro de
2002, pela primeira vez, ele atingiu R$ 100.000 de patrimônio em
ações. Chegou mesmo a pensar em retirar uma parte e juntar com os
outros R$ 30.000,00 que tinha juntado na renda fixa.

Mas manteve-se firme às instruções de seu avô,

pouco e sempre, até chegar a hora de colher. Arnaldo também tinha um
desafio pessoal, que era elevar os dividendos ao mesmo patamar de seu
salário. Sabia que demoraria bastante, mas não esmoreceria.


2003 – Grande retomada da bolsa. Desempenho operacional excelente da
VALE, das ações um pouco menos, mas também muito bons.

Ao final de 2003, Arnaldo já estava sentindo falta daquelas
bonificações do começo de seu caminho como investidor de longo prazo.
A VALE3 fechou o ano cotada a R$ 169,50. O aporte mensal só dava para
comprar 2 míseras ações. Cedo ou tarde, pensava ele, a VALE vai ter
que bonificar: - Está muito caro comprar um lote de 100. Se continuar
subindo o aporte não vai dar nem para 1 ação! Pela primeira vez
entendeu o motivo das bonificações e desdobramentos.

O lucro da VALE mais do que dobrou em 2003. Os resultados, Arnaldo
sentiu na cotação da ação e nos dividendos, que voltaram a crescer e
retomaram o caminho que ele havia planejado, ficarem equivalentes ao
salário anual de Arnaldo.


Nesse ano a VALE pagou dividendos 3 vezes. Na verdade são JSCP, mas
tratamos como dividendos para facilitar a interpretação e os valores
recebidos já estão com desconto do IR. Em abril pagou R$ 1,62/ação, em
agosto pagou R$ 1,94/ação e em outubro pagou R$ 1,48/ação.


Resumindo até o ano de 2003

- 96 aportes, totalizando R$ 34.527,87. Média de R$ 359,67.
- 1.247 ações VALE3, R$ 6.320,72 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 217.687,22.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 43,46% ao ano.
- Os dividendos representaram R$ 530/mês, quase 25% de seu salário.

2004 – Mais um ano excepcional para a VALE e para a Bolsa.
No início de 2004, Arnaldo continuava em sua função na empresa. O ano
foi ótimo para eles todos também, que conseguiram dar a Arnaldo um
bônus de 12 salários, quase R$ 30.000,00. A esse tempo, Arnaldo já
tinha o suficiente em renda fixa para comprar um apartamento (bem)
modesto na Zona Sul ou algo mais confortável na zona oeste ou zona
norte. Completando 30 anos e com Alice formada e fazendo residência no
Miguel Couto, não tardaram a começar aquelas conversas sobre
compromisso mais sério. A situação estava relativamente confortável
para os dois. O país parecia bem e Alice, aos 26 anos, estava
progredindo na residência e fazendo excelentes contatos.
A VALE atendeu aos anseios de Arnaldo. Após atingir R$ 170,00 fez um
desdobramento de 1 para 1 em 18/08/2004, fazendo com que as ações
caíssem à metade no valor e com que dobrasse a quantidade de ações.

Resumindo até o ano de 2004
- 108 aportes, totalizando R$ 40.586,36. Média de R$ 375,80.
- 3.967 ações VALE3 (por conta do desdobramento), R$ 7.728,16 de
dividendos reinvestidos em ações, totalizando um patrimônio de R$
307.236,65.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 41,80% ao ano.
- Os dividendos representaram R$ 644/mês, quase 26% de seu salário.
- Na visão de Arnaldo, os resultados atingidos estão muitíssimo acima
de suas expectativas. Ligou para agradecer ao avô que lhe disse: -
Hoje não posso falar muito, pois estou com sua avó em Cancun.
Ficaremos até a próxima semana, mas quero lhe dar os parabéns meu
neto. Você viu seu patrimônio secar por 3 anos, mas seguiu a cartilha
corretamente e hoje, além de conhecer a empresa que investe muitíssimo
bem, ainda segue rigorosamente a regra do bem estar financeiro. Juntar
sempre, no tempo de
semear. Agora, ao colher, faça-o sem histeria, sem extravagâncias e
sem deslumbramento. Dinheiro não leva desaforo.

2005 – O ano em que Arnaldo se questiona sobre aqueles rendimentos altíssimos.
Arnaldo já quase não se lembrava dos péssimos 3 anos iniciais de sua
trajetória. Já não falava com Bianor havia um tempo, pois usava o Home
Broker para fazer suas compras mensais. Resolveu ligar para falar com
o amigo. Ao atendê-lo ao telefone, Bianor exclama: -Tá com dinheiro,
hein garoto! Não disse? Arnaldo revelou a Bianor que ficava um pouco
preocupado com essa rentabilidade enorme. Se continuasse assim, seria
milionário em 5 anos. Bianor alertou: - Seu avô te ensinou a ter
disciplina e a ser estudioso. Ele também opera na corretora e
conversamos sobre você com freqüência. Mas devo acrescentar algo. Você
precisa ter uma meta precisa com seus investimentos. Defina o
percentual que deseja entre renda fixa e variável, por exemplo 50% em
fixa, 50% em variável, e mantenha esse patamar durante as grandes
viradas da bolsa. Você ainda é jovem, pode se arriscar mais um pouco.
Mas defina o que quer ter. Não acredite que a bolsa vá subir para
sempre.

Arnaldo estava entusiasmado com duas idéias, uma era fazer os
dividendos atingirem o patamar de seu salário anual, outra era atingir
um patrimônio de R$ 1.000.000 em ações. Não se preocupou muito com o
que disse Bianor, pois tinha uma boa reserva em renda fixa. Mas
resolveu se testar e impôs: Se chegasse a R$ 1.000.000 em renda
variável, retiraria 50% e colocaria na renda fixa. Alice estava
empolgadíssima com o Home Broker. Já tinha R$ 20.000 em ações, que
usava para fazer trades constantes. Comprava e vendia bastante. Ligava
para Arnaldo e dizia: - Ganhei 20% em 15 dias. Arnaldo, levanta dessa
cadeira, homem! Arnaldo, como sempre, desconversava e dizia que não
nasceu para grandes emoções.
Ao final do ano de 2005, ele com 31 e ela com 27, ficaram noivos e
deixaram a data do casório em aberto. Aline havia terminado a
residência, mas ainda não havia conseguido algo estável. Arnaldo
estava cada vez melhor e mais feliz na empresa onde trabalhava.

Mesmo sem promoções, ganhando R$ 2.880,97 e sendo o melhor funcionário
da empresa. A empresa compensava com bônus interessantes.

Resumindo até o ano de 2005
- 120 aportes, totalizando R$ 47.306,15. Média de R$ 394,22.
- 4.143 ações VALE3, R$ 11.098,60 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 406.755,10.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 39,19% ao ano.
- Os dividendos representaram R$ 924/mês, quase 33% de seu salário.
- Arnaldo comemorou com o avô os 10 anos de investimento. Comprou um
JW Red Label para o velho. O Avô, claro, reclamou: - Arnaldinho, eu
merecia, no mínimo, um Black!

2006 – Mais um ano excelente. Mais um desdobramento.
A data foi marcada para 12/03/2007, na igreja da Urca. Arnaldo comprou
um apartamento no final de 2005 e já estavam morando juntos, ao menos
nos finais de semana, para, digamos, um test drive da vida de casado.
Alice mostrou as operações que havia feito no Home Broker para
Arnaldo. Sempre com algum ganho, mas com custos um pouco elevados.
Alice conseguiu transformar os R$ 20.000 em R$ 26.000, o que não era
mal. 30% no ano. Arnaldo nunca havia entrado em detalhes sobre seus
investimentos. Mas com o casamento marcado, os finais de semana sob o
mesmo teto e com a insistência da moça em fazê-lo “treidar” (comprar e
vender no curto prazo), ele resolveu mostrar sua conta na corretora
para ela. Isso foi, precisamente, no dia 31/01/2006. Ela viu e gritou:
- Quatrocentos e oitenta mil reais!!!!! Arnaldo, você é rico!!!!
Quanto você colocou para chegar a esse valor? Calmamente ele
respondeu: - Todos os meses eu coloco 20% do meu salário líquido na
bolsa. Dá uns 300 e poucos por mês. Alice reagiu exatamente assim:

- Arnaldo, não treida. Não treida!

Resumindo até o ano de 2006

- 132 aportes, totalizando R$ 54.337,15. Média de R$ 411,65.
- 8.622 ações VALE3, R$ 9.869,33 de dividendos reinvestidos em ações,
totalizando um patrimônio de R$ 559.090,73.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 38,15% ao ano.
- Os dividendos representaram R$ 822/mês, quase 28% de seu salário.

2007 – O ano que parecia bom demais para ser verdade.
Não só pela bolsa, mas pelo casamento, pelo bom momento que os dois
estavam vivendo e tudo o mais. Arnaldo ficou interessado em fazer
outra faculdade, agora de economia, pois havia se interessado demais
pelo estudo das variáveis econômicas, da gestão das empresas etc.
Pediu, tão logo chegou de lua-de-mel, uma renegociação no seu horário
na empresa, caso contrário pediria para ser demitido. Afinal, Arnaldo
além de investir em VALE na pessoa física, também colocou tudo o que
pode de seu FGTS nos fundos de VALE e Petrobras. Havia uma boa grana
lá também.

Seu patrão concordou em flexibilizar-lhe a carga horária, dar-lhe a
sexta-feira livre a partir de 12:00 e manter o pagamento integral,
porém reduziu bruscamente a política de bônus. Esse rearranjo permitiu
que Arnaldo se matriculasse na UERJ para estudar Economia, já para o
segundo semestre de 2007. 2007 foi um ano tão excepcional para a bolsa
e para a VALE que nem parecia ser verdade. O valor que Arnaldo tinha
em ações começou a assustá-lo. Em setembro de 2007 chegou a R$
1.100.000,00. Cogitou a hipótese de cumprir a promessa que fez a si
mesmo e vender 50% para colocar em renda fixa. Mas sua vontade de ver
se é possível se aposentar com dividendos foi mais forte do que o
conselho do amigo Bianor. Pensava também que seu ganho na bolsa foi
tão expressivo que uma queda de 20%, 30% não lhe
traria grandes emoções.

Resumindo até o ano de 2007
- 144 aportes, totalizando R$ 62.187,34. Média de R$ 431,86.
- 17.671 ações VALE3, R$ 13.098,56 de dividendos reinvestidos em
ações, totalizando um patrimônio de R$ 1.061.165,57. Houve mais um
desdobramento de 1 para 1, assim como em 2006.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 43,17% ao ano.
- Os dividendos representaram R$ 1.091/mês, quase 35% de seu salário
de R$ 3.152,58.

2008 – O ano da grande virada. Para baixo.
O ano começou péssimo. O patrimônio chegou a cair R$ 250.000 e as
pressões em casa para retirar a grana começaram a ficar mais fortes.
Havia uma grande incerteza sobre alguns aspectos da economia.
Arnaldo entendia um pouco melhor os termos, pois estava no segundo
período de economia e já tinha estudado bastante.
Arnaldo pensou bastante sobre sua vida:
- Um assalariado, com nenhum crescimento no emprego nos últimos 13
anos, apenas reposições da inflação, conseguiu se tornar um
milionário.
- Seus esforços resumiram-se a acompanhar de perto os resultados da
companhia e a aportar regularmente 20% de seu salário. Não aportou
outras rendas.
- Sua estrutura de vida continuava modesta. Alice ganhava o suficiente
para ter uma vida de muito bom nível, não passava qualquer privação e
ainda conseguia ajudar em casa. Arnaldo continuava com o mesmo sistema
de vida, exceto pelo Monza 1996 que já era um Palio Weekend 2006. A
resposta para o japonês era a mesmo: - Tô duro, vamos deixar para o
dia 05. Só que a réplica de Alice, agora, era: - Deixe que eu pago.
Seu apartamento era modesto, mas bem localizado e próprio. Não tinham
filhos e seus planos para os próximos 5 anos era de manter essa
situação como está. Arnaldo lembrou dos 3 primeiros anos de seu
investimento. Lembrou que chegou a perder quase 50% do patrimônio e,
também, que suas ações chegaram a cair mais de 65%. À época, com
investimentos de R$ 12.000, não era tão assustador, mas agora...
Pensou também que, se tivesse saído naquela época, talvez não tivesse
nem 1/3 do que tinha.

Não tirou nada naquele janeiro fatídico de 2008. Manteve a grana
aplicada em ações da VALE3.
Pois que a bolsa, após uma mínima em meados de janeiro, aonde o
patrimônio chegou a cair a R$ 800.000, uma perda próxima a R$ 300.000,
retomou seu movimento de alta e devolveu o milhão a ele já em
fevereiro. Em abril e maio manteve seu patrimônio em torno de R$
1.200.000. Fim da história.

Nossa crônica termina aqui. Mas o artigo não.
Todos sabemos o que aconteceu depois de maio de 2008. Não sabemos é o
que acontecerá em 2009. É possível que repita os anos de 1997 e 1998
que, como vimos, foram tão ruins ou até piores para a VALE do que foi
2008.

A história tenta ser leve para mostrar as coisas pelas quais passa um
investidor de longo prazo. Daqueles que começam ganhando quatro
centavos de dividendos e dão uma larga risada, pensando: - Poxa, que
merreca!
Daqueles que encaram 3 anos péssimos e dois anos de estagnação, logo
de cara. Infelizmente são poucos no país. Temos poucos exemplos. Quem
conhece alguém que encarou 3 anos de bear market e 2 de estagnação?
Essa pergunta, numa sala brasileira com 100 pessoas, daria, sem
dúvida, ZERO de respostas positivas. Já nos EUA ou na

É evidente que o maior pecado do Arnaldo, dada sua característica
conservadora, foi não diversificar com outras ações. Mas ficaria uma
crônica com 400 páginas se colocássemos o Arnaldo com 15 ações na
carteira. O motivo de pegar a VALE é puramente didático. É uma empresa
que todos conhecem, mas poucos lembram como foi complicado investir
nela no final dos anos 1990. Além disso, tem comportamento regular de
pagamento de dividendos e de eventos societários, tais como
bonificações e desdobramentos.
O Bradesco também foi estudado, mas as dificuldades envolvidas na
pesquisa são maiores, pois além de ter feito inúmeras subscrições no
período, paga dividendos mensais. Para os curiosos, nessa mesma época,
maio de 2008, o Bradesco teria dado ao Arnaldo R$ 600.000, metade do
que a VALE estava dando. Mas, ainda assim, uma rentabilidade superior
a 33% ao ano. Arnaldo teria sido bem sucedido se tivesse direcionado
esses investimentos a um elevado número de empresas brasileiras. Não
teriam faltado opções para diversificar. Em algumas, como a Gerdau,
por exemplo, o resultado seria tão absurdamente alto que não atingiria
os propósitos didáticos desse texto. Ficaria parecendo mais um milagre
do que uma política de investimentos. Várias empresas, umas mais e
outras menos, apresentariam grandes resultados para nosso hipotético
investidor. Petrobras, Itaú, Usiminas, CSN, Randon, Fosfértil, WEG,
Marcopolo e até empresas que tiverem perdas recentes com derivativos,
como a Sadia, teriam dado grandes resultados ao Arnaldo.

Calma, não deixarei o leitor se perguntando: - E aí, o que Arnaldo fez?
Apesar de vocês todos terem torcido para que ele tivesse vendido tudo
em maio, mais precisamente em 16/05/2008, e comprado tudo em dólar,
ele não fez nada disso. Manteve suas ações. Veremos que a perda é
grande, muito grande.

Resumindo até 06/01/2009
- 156 aportes, totalizando R$ 69.966,85. Média de R$ 448,51.
- 18.808 ações VALE3, R$ 19.702,54 de dividendos reinvestidos em
ações, totalizando um patrimônio de R$ 621.604,40. Quase R$ 600.000 a
menos do que o topo.
- A rentabilidade média de seu investimento ficou POSITIVA em 32,53%
ao ano. Muitíssimo melhor do que as opções de renda fixa.
- Os dividendos representaram R$ 1.641/mês, quase 52% de seu salário
de R$ 3.284,67.
Agora você, leitor, que está lendo essa crônica em janeiro de 2009.
Tendo em mente que ninguém conhece o futuro, como conhece o passado.
Responda: O que o Arnaldo deve fazer? Se ele colocar em renda fixa,
deverá levar de 5 a 6 anos para retornar a 1 (um) milhão de reais. Se
deixar na bolsa, pode recuperar em 1 ano, o que parece improvável, em
2 anos, que também parece, mas em 3 ou em 4 anos, o que não parece
nada impossível. Quem sabe?
E agora, leitor? O que Arnaldo deve fazer? "

Fonte - Faça Fortuna com Ações Antes que Seja Tarde - Décio Bazin.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O medo que o brasileiro tem da bolsa e o retorno das ações no longo prazo.



Há alguns dias atrás, em um dos fóruns que frequento, um cara surgiu pedindo ajuda pra encontrar um investimento de longo prazo, mais especificamente dez anos. Ele queria fazer uma poupancinha que ajudasse no futuro dele e da esposa. Surgiram diversas opiniões, reinando, disparadamente, imóveis. Sugeriram casas, kitnets, salas comerciais e etc. Até onde li o tópico fui o único a sugerir bolsa de valores.


Assim que fiz a sugestão da bolsa várias críticas surgiram. Que não é seguro, que só dá prejuízo, que não serve pra aposentadoria, que o risco é grande demais mais um monte de coisas. É estranho o medo que o brasileiro tem da bolsa. Depois que li Pai Rico, resolvi estudar bem os tipos de investimento e decidir no que investir, e o que especialmente me seduziu na bolsa foram dois pontos: Possibilidade de altos ganhos e entrada com baixo capital. Porém queria um investimento que servisse para um futuro muito longo, inclusive para deixar para os filhos, e fui estudar se as ações poderiam me oferecer essa segurança. Nesse estudo me deparei com um livro interessante: Stocks For the Long Run (Jeremy Siegel), que trata exatamente do mercado de ações no longo e beem longo prazo.


Infelizmente no Brasil a Bolsa é recente, e não encontrei dados nacionais semelhantes aos do livro, mas sendo os EUA o símbolo do capitalismo e do mercado de capitais, estudar sua bolsa é icônico para compreensão desse assunto. Vejamos alguns gráficos e dados expostos no livro:



Um dólar aplicado em cada tipo de investimento, de 1801 a 2006 (ignorando a inflação)



O mesmo dólar aplicado, levando em conta a inflação.


Agora, um dos que acho mais interessantes:



Retorno Anual dos investimentos mais comuns em vários países, de 1900 até 2006.



Outros dados interessantes que o livro traz:

 -Em um horizonte maior que sete anos o mercado acionário NUNCA deu prejuízo (considerando o índice, e se você for um investidor competente consegue superar o índice).

-A média de retorno anual histórico das ações nos EUA é próxima de 7%

Olhando esses gráficos vemos a superioridade do mercado acionário frente a outros investimentos considerando o longo prazo (ponto para o Buy and Hold). Até a aterrorizadora crise de 29 se torna menos medonha olhando um horizonte de tempo maior. Claro, que há pessoas que tem facilidade com outras coisas e conseguem rendimentos muito acima da média, seja com imóveis, revendas, aluguéis... Então se você for um desses não despreze seu dom, mas se não for, não despreze o mercado acionário. O brasileiro teme a bolsa por puro desconhecimento ou ignorância. Décio Bazin diz que o mercado de ações deveria ser o futuro de toda empresa que atinge certo grau de crescimento, e que a população deveria aprender a investir para próprio benefício do país. A bolsa é a cereja do bolo do capitalismo.
Investir no mercado de capitais para o futuro é seguro. Para o longo prazo a bolsa funciona como uma balança, e sempre valoriza as boas empresas, resta a você apenas aprender a investir (ressalto que o post de livros indicados está alí ao lado), para deixar esse medo e ignorância de lado.