quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Frugalidade: Simplicidade voluntária.

Quando era mais novo era headbanger, o popular metaleiro. Andava com um jeans que meu pai me deu da década de 70, meu calçado favorito era um coturno de 40 reais e minhas camisetas não custavam mais que 20. Era completamente desligado de consumismo, usava as coisas enquanto durassem e tinha sempre uma frase em mente que li numa revista punk: "Compre produtos, não marcas".
Foi uma época extremamente feliz da minha vida, vivia as pessoas, os lugares e as sensações, mas conforme fui crescendo fui sendo influenciado pela cultura do 'ter' e comecei a transitar pelo mundo das pessoas mais afortunadas. Meu sonho era cursar Física, mas justamente por influência do dinheiro fiz engenharia. O curso foi muito difícil pra mim, porque não me identificava com ele nem um pouco, mas hoje agradeço por tê-lo feito simplesmente pelo fato de ter conhecido a educação financeira, buscando saída do curso. Porém, transitando por esse mundo da grana comecei a reparar uma coisa interessante: A felicidade de uma pessoa não é proporcional ao seu dinheiro.
Conheci pessoas com muita grana e completamente infelizes, seja por razão familiar ou simplesmente por ter uma vida vazia. Conheci até o clássico clichê que vai afogar as mágoas no shopping. Conheci gente obesa rica que era completamente infeliz, e que quando a tristeza batia ia aliviar comprando na net. Conheci pessoas que tinham um relacionamento caótico com os filhos e que tentavam comprá-los semre que a coisa apertava. Conheci gente que só era rodeada por gente interesseira e também afogava as mágoas nas compras.
Por outro lado, dentre essas pessoas afortunadas conheci gente muito feliz. Gente com uma estrutura familiar maravilhosa, gente que viajava muito, curtia muitos lugares, conhecia milhares de pessoas e histórias interessantes. Conheci gente com casas lindas e felizes, recheadas de amigos e pessoas divertidas. Então comecei a reparar que essas pessoas se diferiam dos outros em um ponto de vista: a felicidade e o 'curtir a vida' definitivamente não está no seu poder aquisitivo.
Dinheiro obviamente é muito importante, não sou hipócrita de dizer que não é. Ainda mais no nosso país em que se você não tiver grana, morre na fila do SUS. Mas em questão de felicidade, não importa o quanto você tem, importa como você vive as coisas que possui. Meu pai diz que dinheiro não serve pra nada se você não tiver com quem curtir junto. E eu concordo, afinal, um mala de 1kk não serve pra nada no meio de um pasto. Você precisa das outras pessoas, nem que seja pra te fornecer a estrutura.
Assisti meu pai adoecer de tanto trabalhar pra sustentar um alto padrão de vida, e eu no meu interior não via lógica nenhuma naquilo. Pra que aquele carrão, se a época mais feliz da minha vida foi quando tivemos o Gol 2003? Se nossas melhores viagens foram apertadinhos no carro e rindo da bagunça que fazíamos? Sinceramente, não vejo lógica no consumismo que nos é ensinado. Trabalhar a vida toda, pra juntar um monte de tralha inútil que só te acorrenta. Afinal, quanto mais você tem, mais tem que trabalhar pra sustentar seus pertences. Doce ilusão achar que é só comprar uma casa gigante, um carrão e uma TV 50". Esses pertences vão te sugar todos os meses com energia mais alta, IPTU, IPVA, gasolina, condomínio... Pode se preparar pra trabalhar uns bons meses por ano igual um cachorro só pra sustentar seu materialismo. Você é escravo do que possui.
Pensando assim e conflitando essa lógica ridícula do sistema, conheci a frugalidade (através da educação financeira) e a simplicidade voluntária. A simplicidade voluntária nada tem a ver com ser pobre ou mesquinho, tem a ver apenas com possuir apenas o que é necessário pra você, e o que te faz feliz. Reduzir ao máximo tudo que te prende, e procurar viver a vida no que é REAL. Pra que você quer um Land Rover sendo que mora a 2km do seu emprego? Pra que quer um castelo se são só você e seu cachorro, ou se passa a maior parte do tempo em um cômodo? Meu amigo, pegue esse dinheiro é vá viajar, vá comer coisas gostosas, conhecer lugares bacanas, pare de se acorrentar cada vez mais... Quer morrer sem ver isto de perto?

Pra resumir o texto, defendo que o ideal seria que cada vez mais necessitássemos de menos coisas materiais. Tenha dinheiro, mas empregue-o em algo realmente enobrecedor. Procure conquistar sua Independência financeira e VIVER! Tenha menos e viva mais. E um outro ponto que sempre bato é que quanto menos você necessitar, mais rápido sua IF virá. Tenho tentado reduzir minhas despezas mensais totais a 1500 reais, pelo menos enquanto solteiro, e pensando assim, atingiria a IF com um valor hoje equivalente a 4k mensais de renda passiva. Não, eu não poderei ter um carrão, nem um castelo, mas poderei ter um bom carro e uma boa casa, que proporcionem conforto mais que suficiente, e ainda viajar, curtir meu tempo, acordar a hora que quiser e comer o pão de queijo mais gostoso da cidade, tomar meu café sem pressa lendo um livro, tomar minha cerveja e comer um camarão a hora que quiser, pegar um avião ir pra uma cidade litorânea e só voltar quando der na telha, ou passar muito tempo beijando minha mãe e meu pai. Quem consegue por um preço nisso?
Frugalidade. Essa é a palavra. Vida simples e pensamento elevado. Qualidade de vida nada tem a ver com quantidade de posses.
Quer ler o que eu li? Está AQUI
Muito obrigado a todos vocês pelas visitas! Grande abraço.


15 comentários:

  1. parabens meu jovem, voce esta no caminho certo.

    penso da mesma forma.

    abraço!

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  2. O único comentário que posso fazer é: Parabéns!

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  3. Concordo com você. Mas é fogo como caimos no consumismo desenfreado...
    Isso só atrasa nossas vidas!

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  4. boa lelesk, otimo texto

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  5. Excelente!

    Quando vou comprar algo sempre penso no quanto aquilo vai aumentar minha felicidade. Por conta disso vivo sendo taxada de pão dura na minha família. Um exemplo, meu pai e irmão vivem me perguntando quando vou comprar um carro novo, que o meu está "muito velho" (ele é de 2009). Eu penso, o que o carro novo vai me proporcionar de diferente, ele continuará me levando para os mesmos lugares! O meu velho tem ar condicionado pra me deixar fresquinha, nunca me deu problema, é confortável. Vou comprar um novo só pra me exibir? Pra mostrar pros outros que eu posso comprar? Não consigo aceitar essa idéia.

    Foi difícil abandonar essa idéia de que ter é tão importante. Na infancia implicavam comigo pq era mais pobre que meus colegas... Mas hoje me sinto muito mais livre e feliz!

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  6. Ótimo texto.
    As vezes quando chega o final de semana e os parentes, amigos não aparece para aquele churrasco eu fico deprimido sem saber o que fazer.
    Ser feliz conta muito na vida da gente.

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  7. Gostei do texto e prefiro mil vezes uma viagem e conhecer novas culturas do que um carro para me exibir, alias nunca entendi essa obsessão dos brasileiros com os carros, vai ver por isso os preços dos carros no Brasil são os maiores do mundo.

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  8. Muito bom, muito bom.

    Isso é frugalidade. Conhecer você mesmo.

    Quando vou comprar, sempre penso se daqui a um ano estarei usando o item. Geralmente as bugigangas não resistem a este filtro.

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  9. é bem por aí! Lembra da corrida dos ratos? Correr correr e não sair do lugar?

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  10. Pô só tenho a agradecer a todos vocês pelos comentários. É muito bom saber que tenho colegas na blogosfera que compartilham da mesma idéia. Muito obrigado mesmo a cada um de vocês. Patricinha, mantenha seu carrinho, vou postar um cálculo interessante sobre isso, mas com a economia que você vai fazer ao segurá-lo dá pra ir conhecer a muralha! E Pastor, é a definição perfeita. A corrida dos ratos.
    Grande abraço!

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  11. "Comprar o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para impressionar pessoas que não conhece a fim de tentar ser uma pessoa que não é!"

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  12. Post pra aplaudir de pé,que venham mais como esse!

    Forte abraço cara,sucesso!

    Anon 19a

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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